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A história de Picos confunde-se com a própria história de Justino Luz e teve início com a fundação da Vila de Picos. A modesta Vila foi elevada à categoria de cidade no dia 12 de dezembro de 1890 através da Resolução nº 33. Na época, o Barão do Uruçuí [João da Cruz e Santos] era o chefe-supremo do Estado do Piauí.
No mesmo dia, ou seja, em 12 de dezembro de 1890, nascia na cidade de Jaicós um dos mais nobres farmacêuticos Piauienses: Justino Rodrigues da Luz, o quinto dos dez filhos do casal José Florêncio da Luz e Vitalina Rodrigues da Luz.
A partir desta feliz coincidência, o município de Picos ficaria verdadeiramente vinculado à figura daquele que viria a exercer forte influência política e social na cidade que amou até os últimos dias de vida.
Justino luz concluiu o ensino primário na cidade de Jaicós, mas terminou o preparatório em Salvador (Bahia), oportunidade em que cursou a Faculdade de Farmácia até o terceiro ano. Em seguida veio morar na cidade de Picos, onde se estabeleceu definitivamente fundando a Farmácia do Povo, em meados de 1914.
Justino Luz destacou-se pela habilidade na política. Era também uma pessoa honesta e de vasto conhecimento humanístico.
Na época em que fixou residência no município de Picos, desempenhou um papel importantíssimo na área de saúde através do conhecimento farmacêutico que possuía. Quatro vezes prefeito de Picos, mais de quarenta anos de profissão farmacêutica, vinte dos quais com uma única farmácia da cidade, foi durante anos o medico, depois um dos médicos do município, pois que todos lhe faziam consultas e acreditavam no bom êxito das mezinhas que prescrevia, muitas das quais por ele próprio manipuladas. Teve uma amizade com Helvídeo Nunes, que durante vinte anos percorreram os mesmos caminhos, sofreram os mesmos dissabores, sem qualquer queixa, desconfiança ou eiva de desafeição.
É digno também de registro sua importante contribuição no aviamento de receitas, manipulação de medicamentos e porções. Justino Luz era, para a comunidade, o médico certo na hora certa.
Seu Justino, como era popular e carinhosamente conhecido, morreu no dia 18 de julho de 1996, com 76 anos. Ao falecer, os seus bens de maior valor reduziam-se a duas casas: a de residência e o ponto comercial. Conta-se, que nos anos de eleição os candidatos médicos gastavam um bloco de papel e uma caneta tinteiro, enquanto Justino gastava a farmácia. Casou-se a primeira vez com Maria de Jesus Holanda e, a segunda, com Maria das Graças Rodrigues Martins, ambas de famílias tradicionais do município de Picos.
Em 1931, exerceu pela primeira vez, o cargo de prefeito de Picos sob nomeação do interventor do Estado, Joaquim Lemos Cunha. Chegou a ser substituído por Filando Portela Richard. Mas em abril de 1932 voltou à prefeitura de Picos, mais uma vez, nomeado pelo interventor Landre Sales Gonçalves. Na época, construiu, com recursos do Estado, o prédio do Grupo Escolar Coelho Rodrigues.
O retorno do Brasil à constitucionalização - em 1935 – proporcionou o surgimento de novas candidaturas à sucessão municipal, em Picos. Apresentaram-se como candidatos: Eliseu Pereira Nunes pelo Partido Nacional Socialista do Piauí (PNSP) e Justino Rodrigues da Luz pelo Partido Progressista do Piauí (PPP). Eliseu Pereira terminou por vencer a eleição, mas em decorrência da anulação de uma urna em que ele [Eliseu] obtivera a maioria, a comissão eleitoral procedeu à renovação dando uma maioria de onze votos a Justino Luz que, finalmente, conseguiu eleger-se prefeito de Picos.
Na mesma eleição, o Partido Progressista conseguiu formar, sozinho, a câmara municipal, com os vereadores Benedito Reinaldo, Cinobilino José de Neiva, Domingos Carreiro Varão, Jorge Leopoldo de Sousa, Luis Martins dos Santos, Vicente Aires Pedreira e Mário Rodrigues Martins.
Infelizmente, com a implantação do Estado Novo, Justino Luz - em 10 de novembro de 1937 – terminou sendo destituído do cargo de prefeito, período em que retornou a exercer suas atividades profissionais atendendo com carinho a todos aqueles que o procuravam na farmácia. Ele retornaria ao poder somente em 13 de maio de 1947, época em que o Brasil ingressava no Estado democrático. A nomeação de Justino Luz ficou a cargo do Governador, José da Rocha Furtado.
Seu Justino voltaria à prefeitura de Picos, novamente, para cumprir o quatriênio legado pelos seus eleitores. Foi de 1951 a 1955 pela legenda da União Democrática Nacional (UDN). Neste período fundou várias escolas, construiu estradas e atuou como intermediário no desmembramento do povoado “Genipapo”, que se transformou no município de Itainópolis através da Lei Federal nº 925, de 12 de fevereiro de 1954. É verdade que o desgaste físico, ao longo da prestação de serviços ininterruptos ao povo, aumentou-lhe a natural timidez e provocou-lhe certa instabilidade emocional, traduzida em reações de irritações incontroláveis, mas meteóricas.
Graças ao prestígio e a popularidade conquistada nos meios urbanos e rurais de Picos, Justino Luz conseguiu eleger-se, pela última vez, prefeito de Picos para o período de 1959 a 1963. Nesta época, o povoado “Genipapo” foi elevado à condição de cidade com o nome de Francisco Santos. Uma homenagem justa e sincera a Justino Luz.
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