ALERP
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Lourenço Augusto Pereira Campos, poeta e beletrista patrono da Cadeira Nº 27 da Academia de Letras da Região de Picos – ALERP, nasceu em Picos - PI, no dia 05 de agosto de 1913.
Sua vocação literária surgiu aos 12 anos de idade e, como poeta-repentista, Lourencinho, como era conhecido na intimidade, “quase não falava – recitava versos que ia compondo”, nas palavras do seu amigo Helvídio Nunes de Barros.
Retornando a Picos, recém-formado, da cidade de Manaus, onde morou por anos e produziu maior parte de sua poesia, Lourenço Campos participava de todas as atividades cívico-religiosas e culturais que se realizavam na cidade. Criou e dirigiu um grupo de teatro em Picos com a participação de todos os recém-formados (dentre eles, “os doutores”: Helvídio Nunes de Barros, José Carlos Filho, Otílio Neiva Coelho, Severo Maria Eulálio e Alberico Rocha). A peça “Advogados em Apuros” – um misto de crítica profissional – provocava risos e foi apresentada com aplausos nas cidades de Picos, Oeiras (Piauí) e Campos Sales (Ceará). Segundo Helvídio, esta peça,
Lourenço “montou e dirigiu, ensinando as inflexões verbais, orientando na vestimenta e fiscalizando a postura durante as apresentações”.
Lourenço Campos foi não apenas um poeta e agitador cultural. Participou, como brigadeirista, em 1950, da redemocratização do país e explorou durante muitos anos o comércio de livraria-papelaria na cidade de Picos.
Casou-se com Luíza Maria da Silva Campos (Dona Lilá), uma das duas primeiras professoras formadas de Picos. Lilá faleceu durante o parto, juntamente com a filhinha Maria Inês. Viúvo, Lourenço casou-se com a Drª Nize Madeira Moura Campos, com quem teve sete filhos: José Campos, Maria do Socorro, Paulo de Tarso, Maria Sônia, Eugênio, Luís Gonzaga e Maria dos Remédios.
Medularmente poeta, Lourenço Campos guardava uma particularidade, quase uma obsessão: ”ele não tolerava versos sem rima”, segundo Dr. Helvídio. E para provocá-lo, recitava versos de Manuel Bandeira e Drummond de Andrade e ele limitava-se a responder: “isso não é verso”. Nas discursões sobre os modernistas que empolgavam a vida nacional, ele radicalmente sintetizava: ”não tem rima não tem verso”.
Em 07 de maio de 1960, a página 36 da Revista CARNAÚBA apresentava uma reportagem de J. Miguel de Matos, anunciando a publicação do livro Picos, do poeta Lourenço Campos. Segundo afirmou o próprio poeta, “quase todos os versos de Picos foram escritos em Manaus”, onde passou parte de sua vida. Por isso, segundo Matos, “a saudade da terra natal teve papel saliente na feitura de seus versos, todos dosados de alto sentimentalismo”.
Em 1972, foi incluído na “Antologia de Sonetos Piauienses”, de Félix Aires, com o soneto: “Minha Terra – Picos” e faleceu em Simplício Mendes - PI, no dia 01 de março de 1973, sem ver sua obra publicada.
Helvídio Nunes de Barros, quando governador do Estado do Piauí, tentou viabilizar a publicação do livro de Lourenço Campos. Mas, segundo a família, “a força obtusa do regime autoritário de então mandou sufocar o sonho do poeta”.
Assim sendo, o livro, que em 1968 foi todo organizado e formatado da maneira como fora impresso, com exceção da “Apresentação” feita por Dom Augusto Alves da Rocha (na época, Bispo de Picos) e das notas biográficas – “O Poeta Lourenço Campos”, escritas por Helvídio Nunes de Barros, (ambos, amigos particulares do poeta), só foi publicado em 2001 por iniciativa do professor Jônathas de Barros Nunes (então reitor da Universidade Estadual do Piauí – UESPI), com o compromisso e o objetivo de divulgar a literatura produzida no estado do Piauí, já com outro título: Canto do Nordeste.
* Biografia composta por Deolinda Maria de Sousa Marques a partir da bibliografia indicada.
BIBLIOGRAFIA:
CAMPOS, Lourenço. Canto do Nordeste. Teresina, 2001.
MOURA, Francisco Miguel de. Minha História de Picos. Teresina: EDUFPI, 2017.
NETO, Adrião. Dicionário Biográfico – Escritores Piauienses de Todos os Tempos. Teresina: Halley, 1995.
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