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O professor Arimathéa Tito Filho (A. Tito Filho), professor, jornalista, cronista e historiador, iniciou sua jornada aqui na terra piauiense, no dia 27 de outubro de 1924, data de seu nascimento, tendo a cidade de Barras como berço e ponto de partida. Filho do desembargador José de Arimathéa Tito e a Sra Nice Rego Tito, deixou sete filhos de dois matrimônios e, como viúva, a Sra. Delci Maria Ribeiro Matos Tito.
Concluiu, em 1950, no Piauí, o bacharelado em Direito, após havê-lo cursado no Rio de Janeiro durante quatro anos. Foi uma das maiores culturas de seu tempo, liderou a vida cultural piauiense durante três décadas. Era um animador e um incentivador da vida cultural piauiense. Em todas as searas que atuou, ele pontificou de um modo fulgurante o exemplo de uma privilegiada inteligência e cultura.
O professor.
Notável educador, por princípio e por inclinação. Mestre nato, com excepcional poder de comunicação, criativo e empolgante, transmitiu por muitas décadas o conhecimento do vernáculo de varias gerações. Dedicou a sua vida à mocidade estudiosa piauiense, com uma proficiência inigualável e extremado amor à árdua, porém, confortadora de ensinar. Foi iluminado preceptor de varias gerações. Emoldurou , assim, com os seus ensinamentos, a inteligência e a alma dos jovens de então. Tinha uma cultura que raiava quase a uma enciclopédia. A sua passagem no Liceu Piauiense ainda hoje é lembrada pelos seus alunos com muito amor e entusiasmo. E dele, as salas guardam os ecos de seus ensinamentos persuasivos e empolgantes. O professor A.Tito Filho polarizava a atenção e o interesse dos alunos, tornando-se grande mestre da Língua Portuguesa. A. Tito Filho ensinou Português, Literatura, Sociologia Educacional e Estudos Sociais nos principais educandários de Teresina.
Ocupou na área da educação e cultura os mais importantes cargos e funções, entre os quais destacamos: diretor e professor catedrático de português no colégio estadual “Zacarias Góes”; de sociologia educacional na Escola Normal de Teresina, hoje Instituto de Educação Antonio Freire; de português na Faculdade Católica de Filosofia do Piauí e de Língua Vernácula Jurídica na Escola Superior da Magistratura Piauiense. Presidiu durante duas décadas a Academia Piauiense de Letras. Presidente do Conselho Estadual de Cultura. Dirigiu a Casa “Anísio Brito”. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense, foi sócio do Instituto de Cultura Americana, secretário de Educação e Cultura do Estado.
O Jornalista.
A imprensa piauiense teve em A. Tito Filho um colaborador assíduo e fecundo, desse jovem. Empregando os fulgores de sua inteligência, os seus conhecimentos gerais de sociologia, literatura, história, política e economia, etc. – tudo com elevação de estilo, elegância de frases e agilidade de expressões, soube analisar, acompanhar e interpretar os acontecimentos e fatos com muita segurança e perspicácia, traduzindo-os em composições de rara beleza e harmonia, que o posicionava entre os mais legítimos jornalistas do país. As suas crônicas diárias na imprensa eram verdadeiras aulas, lições de história, de gramática da língua pátria, literatura, sociologia e demais conhecimentos gerais. Jornalista doa mais competentes e dinâmicos, A. Tito Filho colaborou com quase todos os órgãos da imprensa local, entre os quais citamos: Língua de Sogra, 1943; O Piauí, 1945; Libertação, 1946; O Pirralho, 1948; Jornal do Piauí, 1951; A Luta, 1952; Crítica, 1952; Folha da Manhã, 1958 e o jornal O Dia, onde mantinha uma coluna de crônica diária. Ocupou na imprensa do Piauí as mais importantes funções, entre as quais destacamos: presidente da antiga Associação dos Jornalistas do Piauí (três mandatos); membro do Conselho de Representação da Federação Nacional dos Jornalistas e presidente da Comissão de Ética dos Jornalistas.
O Cronista.
“É o cronista da cidade amada, retratando os acontecimentos pitorescos e picarescos do dia-a-dia através de uma linguagem pura, coloquial, simples e limpa. Retrata em cores vivas e nostálgicas os acontecimentos, paisagens humanas e sócio-culturais da vida urbana, invejado por uns, amado por todos. A . Tito Filho vem encontrando na crônica o instrumento que lhe permite um encontro com a simplicidade criativa, leveza estilística, a percepção dialética do mundo.
Há graça e simplicidade no que escreve. Tem procurado mostrar em suas crônicas a Teresina amada e amante, a cidade do afeto e calor.” (Visão Histórica da Literatura Piauiense – Herculano Moraes). No campo da crônica, A. Tito Filho publicou Teresina, Meu Amor, 1973. Dela fala Câmara Cascudo, grande escritor e folclorista: Nitidez, simplicidade, ternura, num milagre de comunicação emocional. Encanto de leitura, corrente continua, avivando reminiscências inapagáveis. Vício deleitoso. Gente & humor, uma coletânea de crônicas humorísticas, anedotário sobre personagens de sua época, Sermões aos Peixes, crônicas, 1978; Crônicas, 1990, e Crônicas da Cidade Amada, 1977.
O Historiador.
Historiador dos mais brilhantes e lidos do Piauí, autor de uma série de obras que contribuem para enriquecer a nossa historiografia. Pesquisador notável, não se limitava a, apenas, colher dados nos arquivos, interpretava-os e analisava-os com profundo senso crítico, que mais se valoriza pela elegância do seu estilo e uma percepção e visão dos movimentos culturais do mundo. Era um cultuador de nossa história. Dizia: “A ninguém é dado negar a importância da História na vida dos povos. Desenganadamente, fazê-loé desconhecer que, torna-se impossível a continuidade da cultura. Com efeito, sem memória, as civilizações ficam sem passado”. Fez das coisas do passado a motivação permanente de toda sua vida, dando-nos, por isso, no campo da história, um número considerável de obras magníficas, que aí estão sempre consultadas. Destacamos no campo da historiografia as seguintes publicações: Governos do Piauí, uma coletânea de perfis de todos os governadores do Piauí; Sua Excelência, o Egrégio, biografias de todos os magistrados piauienses, 1978; Memorial da Cidade Verde, fatos históricos e pitorescos de Teresina, 1978; A Igreja do Alto da Jurubeba, 1978, memória da igreja de São Benedito; Liceu Piauiense, memória sentimental, 1989; Praça Aquidabã, sem número, 1978, memória do Teatro 4 de Setembro.
Como antologista e revisionista: Notas e Comentários da Cronologia Histórica do Estado do Piauí, de Pereira da Costa, 1974; Notas e Comentários à Guerra de Fidié, de Abdias Neves, 1974. Outras obras publicadas: Combustível e Alimento, 1951; O Problema Social da Infância, 1952; Da Atualidade Vulgar do Latim, 1958; Estudo do Vocabulário da Lira Sertaneja, 1972; Viagem ao Dicionário, 1972; Esmaragdo de Freitas, Homens e Episódios, 1973; Deus e a Natureza em José Coriolano, 1973; Teresina, Ruas, Praças, Avenidas, 1976; Zito Batista, O Poeta e o Prosador, 1973; Lima Rebelo, O Homem e a Substância, 1973; Carnavais de Teresina, 1978; José de Freitas, Comunidade Exemplar, 1978; A Augusta Casa do Piauí, 1978; O Piauí no Congresso Nacional, 1980; O Poder Legislativo do Piauí, 1980.
Arimathéa Tito Filho recebeu várias honrarias entre elas a de Cidadão Teresinense; Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras; Mérito do 25° Batalhão de Caçadores de Teresina; Mérito do Centro Cultural de Filgueiras (Portugal); Medalha do Centenário de Carlos Dumont, entre outras tantas.
Exerceu inúmeros cargos relevantes no poder público piauiense, entre os quais secretario de educação e secretario de cultura. Publicou vasta obra literária e jornalística, impôs-se como orador brilhante e líder carismático. Foi um construtor da cultura desse Estado e escreveu o marco culminante de sua trajetória profissional como presidente da Academia Piauiense de Letras, cargo que desempenhou, com abnegação missionária, de 1971 até o dia 23 de junho de 1992, data de seu falecimento, em Teresina.
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