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Carlos Castello Branco, o mais importante nome da imprensa piauiense e um dos mais representativos de toda a história brasileira, nasceu no dia 25 de julho de 1920, Rua Glória, em Teresina-Piauí, cidade essa época com pouco mais de meio século de fundada pelo conselheiro Saraiva. Filho de Cristino Castello Branco, desembargador e escritor, e de dona Dulcila Santana Castello Branco, era o quinto de nove irmãos – Florisa, Alita, Ysis, Hélio, Amélia, Lucídio e Maria Dulce.
Estudou o primário no grupo escolar Teodoro Pacheco, um dos melhores da capital. Concluiu o ginásio no Liceu Piauiense, em 1936, onde presidiu a Academia Liceista de Letras, que possuía “sede própria” em uma das salas do próprio Liceu. Em janeiro do ano seguinte, então com17 anos, embarcou com os pais numa canoa com destino à vizinha cidade de Flores (hoje Timon), a fim de tomar o trem que o levaria até São Luís e daí, por via aérea, até a longínqua Belo Horizonte – naqueles dias bem mais longínqua, pois o rio Parnaíba não separava o Piauí somente do Maranhão, mas do Brasil e do mundo – para cursar o pré- judício, ante-sala da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.
Amava Teresina com discrição e silenciosidade. Por isto, antes de embarcar encharcados de sonhos, utilizou várias de suas tardes de domingo andando pela cidade, percorrendo alguns de seus bairros mais característicos. Ia embora e queria guardar a cidade na memória e no coração, se despedir, como que antevendo o sucesso na metrópole maior. Segundo relatos de amigos de infância, visitou a pé o Porenquanto, o Mafuá, o Cajueiro, o Buraco da Vermelha, a Vermelha (bairro de casas tortas, sustentadas por velhos troncos de carnaúba).
Nas inúmeras cartas enviadas de Belo Horizonte aos pais, evidenciava que poucas coisas lhe davam mais alegria do que falar em sua cidade natal – das praças Rio Branco e Pedro II, onde surgiram os primeiros namoros; das igrejas Soa Benedito e do Amparo, locais das primeiras preces; e dos inúmeros e maravilhosos sabores de Teresina – o frito de tripa, o baião-de-dois, o carneiro no leite de coco, o frito de capote, a maria- Isabel.
Graduou-se Bacharel em Ciências Jurídicas, em 1943, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entretanto foi como jornalista que se destacou em Minas e, posteriormente, no cenário nacional, onde, com agudo senso de realidade, passou a ser uma espécie de bússola a nortear um país sem norte, defendendo e propagando as liberdades públicas e os valores morais em seus competentes textos e particularmente importantes na formação de várias gerações. Castello sabia da necessidade que tem o jornalista de manter a mente aberta. Com esta postura, os preceitos são afastados e ele adquiri a força moral que gera credibilidade e liderança, tornando-se imbatível, porque imparcial.
Assim aconteceu, desde o principio, com o teresinense que engrandeceu e honrou o Piauí e os piauienses. Foi analista político de O Jornal, repórter Diário Carioca, subeditor do Estado de minas, editor de a Tribuna, responsável pela coluna política da revista O Cruzeiro, redator do Diário de Noticias, chefe de redação da Tribuna de Imprensa, onde criou a “Coluna do Castello”.
Com imaginismo literário, manteve a “Coluna do Castello” no Jornal do Brasil. Foi secretário da Agência de Notícias e chefe da sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília. Colaborou na Folha de São Paulo, no Estado de São Paulo e em outros jornais do sul. Foi secretário de imprensa do governo Jânio Quadros. Presidiu o sindicato dos jornalistas do Distrito Federal. Ao longo de sua vida recebeu várias medalhas, como a medalha da Marinha, do TST,etc. Publicou 8 livros, entre eles, livros de romances, crônicas, depoimentos políticos e colaborou em vários outros livros e revistas.
Casou-se em 1948 com Élvia Lordello Castello Branco, com quem teve quatro filhos – o primeiro falecido horas depois de nascido; Pedro, Luciana e Rodrigo – este último vítima de acidente automobilístico que o privou da vida aos 26 anos de idade.
Por conta da resistência ao arbítrio implantado pelo Golpe Militar de 1964, praticada diariamente em sua “Coluna do Castello”, no Jornal do Brasil, e várias diferenças com a intolerância e a censura, foi preso com o advento do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, saindo da cadeia na véspera do natal. É que, homem de pensamentos e opiniões livres, não se sujeitava a restrições, a não ser estabelecidas pela lei. Conta-se que na véspera de sua prisão, teria dito a amigos – “vou dormir um pouquinho, porque amanhã eu vou ser preso”.
Carlos Castello Branco, o jornalista piauiense com verve de historiador e senhor dos argumentos que pressupõem a união indissolúvel entre o fato e a verdade, faleceu no dia 1° de junho de 1993, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, de infarto do miocárdio, aos 72 anos de idade e 54 de jornalismo íntegro e isento.
Foi velado na Academia Brasileira de Letras, no Salão dos Poetas Românticos, e sepultado no Mausoléu da Academia, no Cemitério São João Batista. O Jornal do Brasil dedicou-lhe 14 de sua histórica edição de 2 de junho de 1993. Hoje empresta seu nome à Praça e Espaço Cívico-Cultural Carlos Castello Branco, no Bairro Morada do Sol, zona Leste de Teresina.
(Texto retirado da revista “Figuras notáveis da Historia do Piauí” Jornal Meio Norte)
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