Nascido em Picos, no sudeste piauiense, no sábado do dia 10 de agosto de 1935, Honorato Rosado da Silva era filho de José Júlio Rosado e Maria Joana da Conceição, sendo o segundo filho do casal a nascer de um total de 11 proles, 5 homem e 6 mulheres.

Honorato Rosado da Silva era conhecido popularmente por todos como Norato. Ainda jovem, procurando o seu lugar ao sol, fez o percurso em direção às terras situadas às margens da Lagoa do Fidalgo, e passou a residir no Povoado Caldeirão, no município do centro-sul piauiense de São Miguel do Fidalgo (na época, a localidade pertencia à zona rural do município de São José do Peixe).

Em meio às características inerentes ao ser humano, o personagem supracitado abriu caminhos no horizonte da existência. Homem do campo, trabalhador, amigável, altruísta, rústico, lucido, sereno e recatado e de uma racionalidade ímpar, às vezes, pouco compreendido dentre os semelhantes.

Parafraseando conversas, comentários e impressões de descendentes e, fazendo a convenção para o ato escrito, o varão referenciado de autêntica originalidade, bebia muita cachaça, mas só ofendia a ele mesmo, se é que ofendia. Não degustava o líquido feito da cana-de-açúcar para ficar enjoando, era sossegado. Gostava de comer feijão com rapadura, e sempre dizia que era o alimento do homem para criar coragem para a labuta diária, não faltava de forma alguma o açúcar mascavo em forma de tijolo em sua casa.

– Tinha a mania de, em todo lugar aonde chegava, ficava de cócoras, mesmo estando em casa. Em tamborete, não sentava, ficava de cócoras em cima do pequeno assento e se fosse caminhando na estrada e encontrasse um amigo, colega, parente, ele só conversava com a pessoa na posição agachada, lembra o neto Rodrigo, ao ser indagado sobre o avô.

Honorato é uma personagem real na memória, e entre outros atributos da sua caminhada, é notável pela sua humildade, pela sua interpretação da vida e seus eventos, pela sua vivência entre os iguais, os feitos e causos. Constituiu matrimônio com Maria das Mercês do Espirito Santo, e da união do casal nasceram 6 filhos, sendo 4 homens e 2 mulheres.

No teatro da realidade social, como muitos que saíram do distrito de Picos, para desbravar o sertão interior adentro rumo à região do fidalgo, com o protagonista deste escrito não é diferente, ajudou na construção do alicerce, na edificação do desenvolvimento e faz parte da história que permeia a circunscrição do município fidalguense.

Uma certeza, se não a única, é que, quando a vela da vida é acesa, um dia ela se apagará. Compreendamos o sentido. A jornada continua. Honorato Rosado da Silva cumpriu o seu dever na terra e, em uma segunda-feira, no lugar Poções, zona rural do município de São Miguel do Fidalgo, no dia 12 de julho de 2004, com 68 anos, 11 meses e 2 dias de idade, Deus o chamou para perto de Si, para confiar-lhe uma nova missão.

Na elaboração desta breve narrativa, este literato teve a colaboração fundamental do neto do homem e cidadão supramencionado, o jovem acadêmico de Pedagogia, na Universidade Federal do Piauí – UFPI/CEAD (Polo Profª Concita Mendes, São José do Peixe-PI), Rodrigo Silva dos Santos.  Por meio das palavras impressas, buscamos eternizar os fatos para que não se percam no espaço e no tempo e para que as futuras gerações tenham conhecimento e deem continuidade “à escrita da nossa própria história” e mantenham vivo o arquivo da existência.

JOSSELMO BATISTA NERES é bancário e escritor. Membro da Academia de Letras da Região de Picos - ALERP.