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Petrônio Portella Nunes, filho de Eustáquio Portella Nunes e Maria Ferreira de Deus Nunes, nasceu no dia 12 de setembro de 1925 em Valença, Estado do Piauí. Fez seus preparatórios no Colégio Diocesano de Teresina, com o dinheiro que tinha juntado trabalhando no comércio, no próprio curso ganhou uns trocados como bedel, e partiu de vez para o Rio de Janeiro. Formou-se no Rio de Janeiro, em 1951, pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, onde já fazia sentir sua vocação para a política e suas qualidades inatas à líder. Formado, voltava para Piauí, sucedendo-se, então, toda uma vida dedicada à causa pública. Deputado Estadual de 1954 a 1958, exerceu no período o cargo de Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e a função de líder da oposição na assembléia Legislativa. Secretario – Geral e Presidente do diretório regional da UND; prefeito de Teresina (1958 a 1962) e governador do Estado (1962 a 1966), galgou Petrônio Portella as mais destacadas posições políticas no seu Estado. Ao elegê-lo Senador da Republica em 1966, o Piauí partilhava-o com o Brasil. A dimensão do líder, do administrador profícuo, identificado com as aspirações e o ideário do seu povo, não poderia ficar restrita aos limites geográficos de um estado.
A têmpera do Nordeste, habituado às lutas, à audácia , ao destemor e à fé na democracia, marcou e acompanhou a trajetória de Petrônio Portella no cenário político brasileiro. Eleito em 1967 o Presidente da Comissão de Legislação Social do Senado Federal e em 1969 foi eleito Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, demonstrou Petrônio Portella o profundo conhecimento dos problemas sociais e o domínio da ciência jurídica. A par da relevância dos pareceres proferidos nos órgãos técnicos da Câmara Alta, realçava-se como orador objetivo, arguto e político hábil. Não foi assim sem razão que exerceu a função de Vice-líder do Governo e de Líder da ARENA e do governo (1973-1977).
Leal com os correligionários e adversários, mereceu a confiança integral dos seus Pares, que o elegeram em 1971, Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional. Preocupado com o papel preponderante do Poder Legislativo na área de elaboração das leis e no campo das novas funções atribuídas ao Parlamento no Estado moderno, criou Petrônio Portella no Senado Federal vários serviços, entre os quais destaca-se o Centro de Processamento de Dados como resposta às solicitações da era tecnológica. Enquanto isso, autorizou à época, como humanista que era, a publicação pela Revista de Informação Legislativa do Senado Federal de palestras proferidas em Congresso de Filosofia realizado em Brasília na apresentação dos trabalhos:
“Fiéis às origens, temos o dever de perseguir a conciliação entre as técnicas que a ciência criou e a finalidade humanística e cristã das instituições. Direcionar a estrutura técnico-cientifica no sentido do homem é o maior reservado neste final de século conturbado pela aceleração do desenvolvimento”.
O ano de 1973 o levou à Presidência Nacional da Arena, cargo que exerceu até 1975. Em 1974, foi reeleito Senador do Estado do Piauí. Presidente do Senado Federal e do Congresso para o biênio 1977 a 1979 - eleito pela 2ª vez-, proclamou, sempre, a fé na instituição a que servia.
Petrônio Portella era considerado o Demóstenes piauiense, igualmente ao Demóstenes da Grécia Clássica, era um grande orador político. O Demóstenes piauiense teve, pois, tudo para ver seus dias fluírem lânguidos e pachorrentos, detrás de um balcão de mercearia, mas seu espírito, talhado para as grandezas da vida, trazia a inquietação e a agressividade sobre-humanas dos que nasceram para inscrever a história do seu povo na legenda dos séculos.
Petrônio Portella tinha um sonho. O seu sonho era de ver seu patroneando uma escolinha modesta perdida no interior do Brasil; que no dia 12 de setembro a professorinha festejasse o seu aniversário, falando um pouco sobre a sua vida e encerrando a solenidade com a meninada cantando, desafinada e tropeçando nos seus versos, o Hino Nacional Brasileiro. Esse era o seu grande sonho. Em 1980, o governador do Mato Grosso, a pedido do Ministro Walter Porto, denominou Petrônio Portella uma escolinha para crianças pobres, no pantanal mato-grossense. Com certeza, aquelas crianças lá devem saber da vida do maior piauiense do século XX do que muitos alunos de escolas de elite do Estado do Piauí, terra esta que foi o orgulho de sua vida, inspiração maior no seu trabalho, conforme diria ele, certa vez, com sua ostensiva vocação litúrgica:
“Minha vida não tem sentido
sem as profundas raízes plantadas,
marcando-me a imagem e, sobretudo,
fazendo de mim, em qualquer tempo e
onde esteja, o piauiense a ostentar em si a terra”... .
Ao lado dos altos cargos, avulta na sua vida pública a participação em missões no exterior, inclusive condecorações em Portugal, Venezuela, França, México e vários outros países.
No executivo continuou sua luta pela restauração plena dos princípios democráticos e foi um dos artífices das medidas até agora tomadas comesse objetivo. No auge dessa etapa de sua vida, a morte o surpreendeu no dia 06 de janeiro de 1980. Cabe, entretanto, à história contar a estória do democrata, do político, co parlamentar, do humanista, do jurista e do servidor do Brasil Petrônio Portella.
(Texto retirado da Revista “Figuras Notáveis da História do Piauí” Jornal Meio Norte)
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